Livros


REGRAS PARA SE FAZER O POEMA VARANO

domingo, 31 de julho de 2011

No aconchego após













Na sutileza do teu passo brando,
Vislumbro a imagem divinal, serena,
Que vem co’a brisa outonal e amena,
Num corpo etéreo sensual planando!

Toda a leveza que essa brisa embala
Transborda amor em suspirantes ais
E a aragem amiga desse velho cais
Leva o perfume que esse amor exala!

Em bela trama que minh’alma invade,
Na resistência que possui o jade,
Vem e eterniza-se o amor em nós!

Ao fim do jogo, pois, desse ato belo,
A coroar-se em gesto tão singelo,
Te dizes minha no aconchego após!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

FELIZ













Sempre que acordo cedo, chego até a janela,
Para sentir das flores seu perfume suave;
Volto a deitar na cama, bem juntinho dela
E acaricio o ninho da pequena ave!

Dou-lhe um beijo no rosto, afago-a com carinho,
Enquanto ela suspira em ais que já conheço;
Ajeito-me com ela em concha em nosso ninho
E a Deus, por tão feliz momento, agradeço!

Ao despertarmos juntos, corpos nus em pelo,
Abrasa-nos a fúria de um amor tão belo
E amamos outra vez até o raiar do dia!

Descansa ela seu corpo e achega-se ao meu peito,
Que em paz ali relaxa de tão satisfeito!
................................................................
Feliz, bendigo a vida que Deus propicia!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Mensagem de um tibetano




Ouvi em belo canto alvissareiro
A voz de um sabiá cantando longe...
Ouvi também um vento mensageiro
Trazendo-me a mensagem de um monge!

Recomendava o monge: sê fiel,
Protege, enquanto há tempo, a natureza!
Transforma essa aliança num anel,
Que será tua marca de nobreza!

Meio confuso ouvi com atenção
O ensinamento quase em oração,
Que o tibetano monge me enviara!

Senti que a natureza nos implora
Que a protejamos logo sem demora,
Pra que não surja aqui outro Saara!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pulmão do Mundo













Sucumbe a mata ao tilintar de ferros
Que a mão ingrata e inconseqüente atrita!
Em muda voz a mata virgem grita
E a motosserra dilacera aos berros!

Sucumbe o verde centenário e belo,
Ao gigantismo do interesse humano,
Que mais destrói em mercenário plano
E impunemente vencerá o libelo!

Cresce o país de economia forte,
Na vista grossa do que traz a morte,
Em canetada que dura um segundo!

Crescem nos bancos ‘cidadãos de sorte’.
Sucumbe a mata centenária ao corte...
Morre a floresta que é o pulmão do mundo!...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

RONDEL IV

Furtiva e tão sutil a mim chegou
Da minha vida fez-se a pretendente!
Tomou meu coração e se aninhou
Deu-me a paixão qual fosse adolescente!

Eu que antes era só, já não o sou
Pois ela no seu jeito displicente
Furtiva e tão sutil a mim chegou
Da minha vida fez-se a pretendente!

Hoje o destino conta o que aprontou
Fazendo-me do amor fiel cativo...
Beijo-a, feliz, por tudo que causou
Quando num andar sutil e tão furtivo
Furtiva e tão sutil a mim chegou!

domingo, 17 de julho de 2011

Abra a cortina para um novo dia!

Abra a cortina para um dia novo
Dê uma olhada no alvorecer
A cada instante nasce um novo ser
Eclode a vida de um pequeno ovo!

Olhe a janela desse imenso mundo
Receba a brisa que lhe afaga o rosto
Não guarde mágoas, não traga desgosto
Perceba o curto tempo de um segundo!

Transcenda o vasto mundo que o rodeia
Sinta a grandeza dessa dimensão
Veja que o sol afasta a escuridão
Enquanto à noite é a lua que clareia!

Nessa harmonia muitos nem percebem
A dualidade que se vê em tudo
Há o que fala, há também o mudo
Há os que dão porque há os que recebem...
  
Há o sofrer, mas há também o amar
Belas montanhas formam belos vales
Vem a bondade a espantar os males
Há o macho e a fêmea a formar um par!

Dor e tristeza, risos e alegria
Saibamos nós tirar proveito disso
Abra-se ao mundo, não se faça omisso
Abra a cortina para um novo dia!

sábado, 16 de julho de 2011

Cante, ó Poeta !

Poeta, cante o belo, o bem, o amor,
Mas cante também a falta do singelo,
O dinheiro e o viver sem, cante a dor,
A fome, o frio sem agasalho,
A roupa em frangalho,
Os pés do andarilho!
Cante, poeta, cante a esperança,
Mas cante também a sórdida herança,
Cante a força da nossa raça, a pujança,
Mas cante também a pobreza que choca!
Chocava no tempo da pajelança
Choca agora na governança!
Abra sua boca que fala, canta e come,
Mas cante também aquela boca que cala
Sem esperança,
Sem força, por sentir fome!
Cante o prazer da vida,
Enquanto bem vivida!
Cante a morte enquanto não parida,
Daqueles mortos-vivos
Sem teto, sem roupa, sem instrução,
Sem saúde, sem assistência
Sem guarida!...
Cante, poeta, cante enquanto há vida!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A dona do meu amor















Viajei pela galáxia
Fui a Vênus passear
Passei por perto da Lua
Brilhante, linda e tão nua
Onde a paz reina e cultua
A arte do verbo amar!

Conheci diversos mundos
A muita e pouca distância
Alguns plenos de maldade
Outros de felicidade
Alguns onde havia bondade
Outros cheios de ganância!

Vi que a inveja é um veneno
Que o mal ao bem não supera!
Vi rancores na sarjeta
Malfeitores de muleta
Não vi sequer um exegeta
Onde o mal se prolifera!

Vi também muita beleza
Em mundos de alegria
Com anjos por toda parte
Querubins fazendo arte...
Vi as belezas de Marte...
Vi mundos de poesia!

Lembrei-me, pois, com saudade
Do amor que nunca deixei
Ela ao meu lado sonhando
Um beijo de vez em quando
Seu corpo me convidando
Para o amor que sempre amei...

Num zás-trás voltei ao mundo
Onde habita a minha Lua
- A dona do meu amor!
Ela, ao me ver, sem pudor,
Corpo nu em esplendor,
Disse: Possui-me, sou tua!

Rondel à minha Lua














Cantava quando à noite tu dormias,
Cantava quando cheia prateavas!
Cantei-te em serenatas melodias,
Amei a tua luz quando brilhavas!

O amor que eu declarava não ouvias,
Não era eu o alguém com quem sonhavas.
Cantava quando à noite tu dormias,
Cantava quando cheia prateavas!

Veio o destino cheio de manias,
Plasmando o meu amor em teu caminho.
Nascia assim o amor que não previas!...
Lembro-me hoje as vezes que eu sozinho
Cantava quando à noite tu dormias!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Brincando de poesia













Brincando de fazer verso,
Vi a terra flutuar,
Viajei pelo universo,
No difuso, no diverso
Mar de estrelas a pulsar!
Brincando de fazer verso
Comecei a poetar!

Meteoros e cometas,
Coloquei-os no papel.
Usei lápis e canetas,
Gastei muitas filipetas,
Usei óleo, usei pincel.
Meteoros e cometas,
Voei com eles no céu!

Brincando de poesia
Fiz chorar meu coração,
Dei asas à fantasia,
Fiz um mundo em harmonia,
Embalei doce ilusão!
Brincando de poesia
Fiz dela minha paixão!

domingo, 10 de julho de 2011

RONDEL II

Saudade é dor escondida
Que permeia o coração
Traz esperanças à vida
Às vezes, doce ilusão!

Traz a emoção revivida
Nas visitas da paixão
Saudade é dor escondida
Que permeia o coração

É vida que foi vivida
Que o tempo dá de lembrança
Saudade é dor conhecida
Que guardamos como herança...
Saudade é dor escondida!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

RONDEL I

Na maciez do corpo em que me deito,
Deslizo suave as mãos que te afagam,
Contemplo a flor desnuda e ali me ajeito,
Por curvas e ondas que em mim si propagam,

Que suavemente movem nosso leito
E encontro as ondas que minh’alma alagam!
Na maciez do corpo em que me deito,
Deslizo suave as mãos que te afagam.

Deito meu rosto ávido em teu peito,
Enrosco-me em tuas pernas que se alargam,
Como que a procurar o melhor jeito...
E entrego-me em tuas mãos que não me largam,
Na maciez do corpo em que me deito!

domingo, 3 de julho de 2011

Lá vem ela

Tão linda
Tão bela
Tão doce
Vem ela
A me abraçar

Sorriso
Na face
Não mostra
Disfarce
Só quer me amar

Tão belo
Momento
Recebo-a
Sedento
E a faço sonhar!