Praxedes, era homem justo,
homem de bom coração,
um dia levou grande susto
depois de uma oração.
Morava numa casinha,
lá no meio da caatinga,
e a água que ele tinha
mau enchia sua moringa...
A irmandade reunida
pedia para chover
- prece não correspondida -
Até ele aparecer.
Ele saiu pro terreiro,
gritou com seu vozeirão
“aqui quem fala é um vaqueiro
de um povo em precisão.
São Pedro, você me escute
abra a torneira do céu
se me negar, desça e lute
só vou pegar meu chapéu”.
Quando acabou de gritar,
entrou que nem um bufão
e antes dele voltar
ouviu o primeiro trovão!
A irmandade correu
pra rezar pedindo chuva.
Praxedes, do jeito seu,
gritou é chuva viúva!
Começou ele a xingar,
mesmo seguindo a oração.
Com São Pedro iria brigar,
caso houvesse negação.
Foi então que a chuva ouviu
os pedidos de agonia...
E da caatinga partiu
o canto da cotovia...
Mas foi tanto o desespero,
que a reza passou da conta
e choveu em destempero
chuva forte que amedronta!
Seu Praxedes não sabia
nem mais o rumo de casa,
pois casa já não se via,
nem boi... Só bicho de asa!
Com muita dificuldade,
seu Praxedes se lançou,
rezou pela irmandade
e nadou, nadou, nadou...
A chuva banhou o cerrado,
alagou lá na caatinga
e deixou o povoado
mais parecendo restinga!
Mas chuva assim quem agüenta?
- Praxedes esbravejou -
ou é oito ou é oitenta!
Falando assim completou.
Daquele dia então,
Praxedes, homem de bem,
louva a Deus em oração
e a São Pedro também!
Mas faz questão de frisar,
para sua irmandade,
pra quando pedir no orar,
respeitar a santidade.
Agora todos conhecem
a reza do seu Praxedes:
Só pede o que eles carecem,
na dose que não excede.
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Eu que não morava lá
e estava só de passagem
fico lembrando de cá...
Que interessante viagem!
Nunca vi reza tão forte
e povo com tanta fé!
Praxedes mudou a sorte,
do povo de São José!